[MARIE CLAIRE] Fisiculturista descobre necrose após rinoplastia: 'Era uma dor insuportável, cheguei a arrancar um dente do siso achando que estava relacionado'

Fisiculturista descobre necrose após rinoplastia — Foto: Reprodução / Instagram

“Sempre me senti muito bonita no geral, mas o meu nariz me incomodava desde criança”, conta Isabella Sena, de 20 anos. Foi em outubro de 2023 que a fisiculturista decidiu dar um passo além e fez a sua primeira consulta para realizar a rinoplastia, marcada para fevereiro deste ano. A cirurgia aconteceu no começo do mês. No Instagram, a jovem publicou uma última foto antes do procedimento, onde aparece sorrindo. Depois, tranquilizou amigos e familiares com um clique do pós, já com curativo no nariz. “Foi um sucesso a cirurgia, muito obrigada por todas as vibrações positivas, pessoal.”

“Segui absolutamente todas as orientações, desde limpeza, repouso e outros cuidados. Visualmente estava tudo bem, cheguei inclusive a ser liberada mais cedo para treinos leves”, disse ela, em entrevista com Marie Claire. O pesadelo de Isabella começou no final de fevereiro, quando sentiu dormência na parte direita do rosto, sintoma que acreditava ser algo normal da rinoplastia.

“Pouco tempo depois, aquela dormência se transformou em uma dor insuportável, cheguei a arrancar um dente do siso achando que era algo relacionado, passei no oftalmologista, fui me medicar no hospital, e nada resolvia. O episódio que me fez ficar internada foi quando tive muita falta de ar, perdi a consciência e acabei ficando internada”, falou.

Depois de muita investigação médica, Isabella fez uma intervenção cirúrgica para retirar o que seriam coágulos sanguíneos e pus, que estariam impedindo a vascularização dos tecidos. De início, o diagnóstico era de sinusite aguda grave. “Só foi descoberta a necrose durante a cirurgia, o que foi uma surpresa para os profissionais. De início, eu fiquei completamente apavorada. A necrose era interna e o meu maior medo era que acontecesse algo na parte externa do meu rosto e ele ficasse deformado.”

Nos primeiros dias após a descoberta, Isabella define o que viveu como “momentos de angústia”. “Sempre fui uma pessoa muito ativa, sou fisiculturista, então foi um choque muito grande saber que teria que ficar tanto tempo em uma cama”. Na UTI, ela não sabia ainda o que aconteceria, mas o caso piorou quando teve uma descompensação glicêmica.

“Acabei caindo em um quadro diabético que talvez passe com o tempo, ou posso ficar diabética de fato. Isso acabou piorando toda a situação. Eu precisava, além de me preocupar com a necrose, me preocupar também com a estabilização da glicemia e de uma infecção que acabei adquirindo”, começou.

“Sem tratar esses outros dois fatores, não conseguiríamos dar sequência ao tratamento, então foi muita coisa envolvida e, por isso, estou há tanto tempo internada [desde o dia 27 de fevereiro]. Controlamos a infecção e a glicemia, realizei mais uma intervenção cirúrgica no último domingo (17) pela equipe do médico otorrinolaringologista Rafael Vicente Lucena, que foi a etmoidectomia com descompressão do nervo óptico. A pior parte felizmente está passando”, conta Isabella, que já teve alta da UTI.

“O tratamento pode levar muitos meses”

O caso de Isabella Sena viralizou no TikTok. A jovem decidiu compartilhar o que viveu no pior dia da internação. “Estava muito desanimada, sem vontade de nada. Tinha receio de expor porque não queria que as pessoas me vissem naquela situação e ficassem com pena de mim, mas naquele dia eu não estava ligando para mais nada. Acredite, foi a melhor coisa que fiz! Parece que ter compartilhado o caso tirou 200kg das minhas costas. Recebi muito carinho, muita energia positiva e muitas orações. Acredito muito em energia e ainda digo: a partir do momento em que desabafei, só recebi notícias boas sobre o meu caso.”

A fisiculturista não imaginava que o vídeo bateria quase 2 milhões de visualizações. “Só fiz o vídeo com intenção de avisar os meus seguidores o motivo de eu estar tão afastada das redes sociais, jamais imaginaria tamanha repercussão. Claro que tem muitos curiosos, mas também vi que tem muitas pessoas maravilhosas me acompanhando, infelizmente não por um motivo tão bom, mas me sinto muito querida com tantas mensagens de carinho.”

Ela segue fazendo o tratamento para cuidar da infecção, diabete e a cicatrização do nariz. “Vou poder voltar a fazer as minhas atividades cotidianas, mas ainda assim, o tratamento total pode levar muitos meses”. Isabella finaliza dizendo que a história a fez abrir os olhos para coisas que ela antes não percebia.

“Comecei a enxergar a enfermagem com outros olhos, são profissionais extremamente competentes, que tem amor pelo que fazem, que cuidaram tão bem de mim que cheguei a ver a UTI como um momento de férias da minha rotina. Conheci pessoas maravilhosas das quais criei vínculos fortes e vi quem realmente estava comigo. No geral, me sinto ótima e segura com os próximos passos”, falou.

“A necrose é uma complicação possível”

O caso de Isabella Sena não é único. O cirurgião plástico Marcelo Sampaio conta que a necrose é uma complicação possível de acontecer, mesmo que não seja frequente. “Costumo dizer que toda cirurgia plástica carrega alguns riscos e a necrose é uma complicação possível. Mas quando acontece tem relação com o tabagismo. Os fumantes são mais propensos a terem o problema, pois as toxinas do tabaco prejudicam a cicatrização. Também é necessário seguir as orientações dadas pelo cirurgião plástico para evitar qualquer complicação no pós-cirúrgico.”

Mas esse não é o único motivo. “Outro risco está relacionado à rinomodelação com preenchedores. Eventualmente, esse preenchedor cai numa artéria que irriga uma determinada região do nariz e ali vai possibilitar uma trombose do vaso com posterior necrose. Em relação à cirurgia, é um evento absolutamente infrequente.”

Quando uma necrose começa a acontecer, é fundamental evitar manipular a área afetada por conta própria para não piorar a situação. Além disso, procure um médico o mais rápido possível para que a área se mantenha limpa.

Tudo sobre rinoplastia

A rinoplastia pode ser realizada tanto por questões estéticas, como para corrigir problemas funcionais que afetam a saúde do paciente, entre eles desvio de septo e obstrução nasal. De acordo com Marcelo Sampaio, existem duas formas de realizar o procedimento: aberto, que é quando a incisão é feita por meio da columela (faixa de tecido que separa as narinas), e fechado, deixando as cicatrizes escondidas no interior do nariz.

Apesar de parecer uma cirurgia simples, existem contraindicações. “Fumantes e jovens que ainda não desenvolveram totalmente a estrutura facial não devem realizar a rinoplastia em hipótese alguma. Além disso, se o paciente não estiver com a saúde em dia, tanto física - que será comprovado por exames de sangue, por exemplo - quanto mental, deve esperar até estar bem para o procedimento”, explica o cirurgião plástico.

O profissional ainda reforça que os cuidados devem ser mantidos no pós-cirúrgicos, e existem diversas regras. “Um curativo que envolve uma tala de material moldável será colocada no nariz para imobilizar as estruturas durante a primeira semana. Neste período, nada de fazer esforço físico, pois corre o risco de haver sangramento. Outro cuidado é com o sol: se for sair, use protetor solar e chapéu. Ao dormir, sempre mantenha a face voltada para cima. Siga uma dieta balanceada e beba bastante água.”

“No primeiro retorno, geralmente após uma ou duas semanas da cirurgia, retiramos os moldes e adaptamos fitas adesivas ao nariz para controlar o inchaço e manter o formato. De maneira geral, siga rigorosamente as recomendações do cirurgião plástico, inclusive na ingestão de medicamentos”, orienta Marcelo.

O paciente só poderá voltar com a vida normal - como o retorno ao trabalho e exercícios físicos - alguns dias ou até semanas depois. “O retorno ao trabalho pode acontecer após o terceiro dia da cirurgia plástica, caso a atividade exercida não envolva esforço físico e, claro, o paciente se sinta confortável em relação ao inchaço e hematomas. Já osexercícios físicos devem ser retomados com cautela. Nos primeiros 15 dias é possível realizar caminhadas leves. Já quem pratica corridas é necessário aguardar 45 dias. Práticas como a musculação e crossfit, que exigem mais esforço físico, podem ser retomadas com quatro semanas e a intensidade deve ser aumentada de forma gradual”, finaliza.

Mar, 2024, Acesse a matéria nesse link

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