[Silicone] Por dentro das próteses de silicone
Classificação das próteses de silicone
Quanto ao tipo de elastômero
Liso
Texturizado
Recoberto por espuma de poliuretano
Quanto à forma
Redonda
Anatômica
Elastômero
O elastômero é feito de um polímero de alta densidade, resistência e elasticidade. Sua função é conter o gel em seu interior, resistindo ao estresse imposto ao implante pela movimentação e choques mecânicos inerentes ao dia-a-dia do paciente. Embora a obtenção de boa resistência dos elastômeros a choques e compressão repetidos pareça ser a tarefa mais complicada, a permeabilidade deste às moléculas do gel interno e a formação da cápsula fibrosa ao seu redor são os maiores desafios a serem vencidos pelos fabricantes.
A permeabilidade do elastômero é inversamente proporcional à quantidade de ligações estreitas e firmes (“cross-links”) entre suas moléculas. Quanto menor o número de cross-links entre as moléculas do elastômero, maior sua permeabilidade a moléculas de menor peso presentes no gel . Estas moléculas do gel penetram no elastômero, enfraquecendo suas propriedades mecânicas, e podem atravessar o mesmo, atingindo os tecidos adjacentes. Isto pode provocar reações tipo corpo estranho ao redor do implante, ou a migração de moléculas de silicone para outro órgãos e tecidos .
Desde o surgimento dos implantes na década de 60 até hoje, diferente técnicas de fabricação diminuíram progressivamente o extravasamento de silicone (ou “bleeding”). A densidade de cross-links tem aumentado progressivamente, e múltiplas camadas de elastômero entremeadas por barreiras mecânicas mais eficientes são evoluções significativas das últimas décadas .
A superfície externa do elastômero tem contato permanente com os tecidos adjacentes, e ao redor desta é que irá se formar a cápsula fibrosa responsável por manter o implante em posição, e que muitas vezes leva a complicações que serão discutidas adiante.
A qualidade da cápsula fibrosa é fundamental para a estabilidade funcional e estética do implante, e diversas texturas têm sido utilizadas na tentativa de tornar o implante o mais inerte possível. A principal complicação observada em implantes mamários é a contratura capsular.
Elastômero com superfície lisa
Os elastômeros com textura lisa foram os primeiros a serem fabricados, no início da década de 60, desenvolvidos por Cronin e Gerow. Sua superfície provoca a formação de uma cápsula fibrosa com o interior liso, não havendo aderência entre o implante e os tecidos adjacentes. Este tipo de implante está associado a incidências de contratura capsular de até 40% em 10 anos. Durante algum tempo, devido a esta característica, os implantes foram fabricados com um patch de material poroso (p. e. Dacron) para fixação aos tecidos adjacentes. Com o tempo este artifício provou-se ineficaz, e foi abandonado. Atualmente este tipo de implante é usado em menor escala, dependendo de indicação específica e preferência pessoal de cada cirurgião.
Elastômero com superfície texturizada
Na década de 70, na busca por diminuir os índices de contratura capsular em implantes, foram desenvolvidos elastômeros com superfície áspera (ou texturizada). Este tipo de implante tem a propriedade de produzir uma cápsula fibrosa com menor contratilidade, graças à desorganização que produz na orientação das fibras colágenas da mesma. Além desta propriedade, a textura provoca um grau variável de aderência do implante à cápsula, aumentando sua estabilidade.
Este tipo de implante esta associado a incidências menores de contratura capsular, da ordem de 20% em 6 anos .
Elastômero coberto com espuma de poliuretano
No final da década de 80 foram introduzidos no mercado implantes cujo elastômero recebia uma cobertura de poliuretano, conferindo uma textura bastante rugosa à sua superfície. Estes implantes teoricamente reduziriam ainda mais a incidência de contratura capsular, afirmação baseada em alguns estudos com pequena casuística. Porém, no início da década de 90, testes de laboratório feitos com injeção de 2,4-toluenodiamina (TDA) – um produto da degradação do poliuretano – provocaram tumores hepáticos em ratos. Nunca se provou a carcinogênese do TDA em humanos, nem tampouco a presença desta substância em quantidades perigosas em pacientes portadoras deste tipo de implante. No entanto seu uso não é liberado pelo FDA .